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Guia de apoio emocional em situações de Catástrofe


De acordo com Polk e Mitchell (2008), em eventos de larga escala, por cada vítima física (com ferimentos) existem de 4 a 10 vítimas com necessidade de intervenção psicológica.”, refere a Ordem dos Psicólogos Portugueses, através do seu site.

Na verdade, com necessidades de intervenção psicológica ou não, hoje todos nós somos, de alguma forma, “vítimas” daquela a que é já classificada como a “catástrofe em Pedrogão Grande”.

Desde as crianças aos mais idosos, entre os que vivem esta situação dramática em pleno terreno e os que assistem a ela através dos meios de comunicação, é impossível ficar-se totalmente indiferente a um tamanho quadro desolador.

Por isso, selecionámos algumas linhas orientadoras para que consiga confortar quem está em sofrimento emocional, perto de si. No entanto, atenção: este guia não pretende substituir de forma alguma a orientação de profissionais da área.

São apenas alguns gestos simples (e que talvez até já saiba) que valem a pena ser recordados, dado o bálsamo que poderão representar na melhoria do bem-estar emocional de quem está a viver intensamente esta catástrofe.

Poderá fazê-lo com os seus filhos, a sua família, os seus amigos e colegas, a começar por si mesmo.

1. Comece por si. Para ajudar os outros tem de se sentir suficientemente bem e capaz de o fazer. Para compreender os outros deve antes de mais compreender o que se passa consigo. Em primeiro lugar perceba como se está a sentir e fale com alguém sobre isso. Chame as emoções e os sentimentos que está a sentir pelo nome certo. É muito importante que o faça. Chore se o tiver de fazer! Peça ajuda profissional, se for o caso. Saber pedir ajuda é um ato de coragem e de respeito por si próprio.

2. Ouça. É importante que a pessoa em sofrimento possa manifestar tudo o que sente e pensa. Se você não souber o que dizer nessas situações, está tudo bem. Ouça apenas. Se a pessoa em questão fizer parte da "zona de catástrofe", poderá sempre informar que o INEM da sua zona poderá acionar o serviço de intervenção psicológica", de acordo com a bolsa "1000 psicólogos para situações de catástrofe". Clique em OPP para saber mais.

3. A verdade. Diga sempre a verdade sobre o que aconteceu, mesmo que se trate de uma criança. Ajuste apenas a verdade à capacidade de compreensão da pessoa que tem à sua frente. Também não precisa de falar sobre os pormenores dolorosos. Já basta os que saltam à vista.

4. Afeto. Permita o toque físico - um beijo, um abraço ou um simples dar a mão, podem ser mais reconfortantes que mil palavras desajeitadas.

5. Reações. O mesmo acontecimento pode provocar reações muito diferentes em cada pessoa que o vive. Isso não é bom nem mau. É como é. Poderá sentir um vazio imenso ou um turbilhão de emoções explosivas. Sentir raiva, tristeza, desespero, impotência, frustração, confusão, insegurança e outras tantas emoções e sentimentos poderão fazer parte deste quadro. Por isso, também é importante que cada pessoa em sofrimento saiba que numa fase inicial o que sente é uma reação normal. Ainda assim, deverá estar-se atento a uma possível necessidade de intervenção psicológica.

6. Segurança. Sentir segurança é fulcral para haver esperança no futuro, para se poder continuar a viver o dia a dia com ânimo e sem medos limitadores. Alguns exemplos que pode colocar em prática:

  • Se conhece pessoas que estão a viver dentro do perímetro da catástrofe, é importante que lhes transmita uma mensagem de expetativa positiva sobre a sua vida futura, por mais doloroso que o momento presente esteja a ser.

  • Nas crianças poderá ser necessário explicar que embora as catástrofes façam parte da vida, elas também são raras de acontecer. E que quando acontecem o Ser Humano é capaz de atos de ajuda tão generosos como os que estamos a assistir.

  • Relembrar os esforços humanitários que estão a ser feitos para que ninguém fique só, e para que todos sejam reintegrados em segurança e com a máxima dignidade possível, poderá ser também um motor de motivação para continuar a acreditar no futuro.

Relembramos que estas são apenas algumas diretrizes que poderá seguir para ajudar alguém próximo de si. No entanto, esta informação não substitui de forma alguma a avaliação psicológica de profissionais da área (psicólogos especializados), nem mesmo o acompanhamento psicológico pelos mesmos.

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